quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"é segredo se volta ou se fica no fundo do mar..."


Todo início de ano volto a estaca zero da minha existência. Tudo torna-se outra vez primeira vez, tudo é novamente novo e claro e límpido...
Por isso as primeiras vezes dos acontecimentos são sempre as melhores para mim, guardo todas como tesouros em baús, secretos e bem guardados.
Mas mesmo guardadas, as primeiras impressões dos primeiros momentos possuem uma força de multiplicação incomum, tornam-se várias, transformando tudo em primeira vez, primeira impressão.
Como da última primeira vez que estive em frente ao mar, voltei ao primeiro mar que vi em minha vida, imensidão de água em frente meus olhos e imensidão de ignorância em frente ao mar. Um mar bravio como nunca vi depois da primeira vez, ou como nunca vi antes, pois era novamente primeira vez. Dessa vez não gritei nem chorei de medo, nem tinha o colo do pai onde me abrigar.
Era o Mar da primeira vez, desafiador, nunca tive coragem de enfrentar antes. Depois de um minuto de recordação/ renovação/estranhamento busquei uma desculpa para não enfrentá-lo, apenas por prazer de retardar o momento, não havia como fugir. Dessa primeira vez entrei e enfrentei, não com ira de quem batalha contra, sim com graça de quem quer conhecer, desbravar. Fui.
E não me arrependo das ondas que bateram em meu corpo e quase arrancaram meu biquíni, me despertaram para a nova primeira vez, me inundaram de felicidade instantânea, alegria de estar no lugar e no momento exatos e perfeitos. Um banho de imersão no novo ano, um batismo pagão preparando para a religião do cotidiano dos desejados e talvez merecidos doze meses que hão de vir.
Agradeço a mão leve e bem vinda que me deu o empurrão que precisava. Terei pela frente doze meses de primeiras vezes de acontecimentos inéditos repetidos, que por serem já conhecidos tenho a oportunidade de fazer melhor a cada dia que se repetem.