terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Esfinge


“Eu sou uma figura de linguagem”, ele me disse, com ar de esfinge que se revela, deixando um mistério ainda maior no ar a ser descoberto, “decifra-me ou devoro-te”.

Das figuras de linguagem qual seria ele? Qual das figuras de linguagem ele seria?
Vou seguindo as pistas que ele me deu:

Na esfinge metafórica já tenho um bom começo. Belo como uma estátua de Apolo ou Baco, o tenho numa perfeita comparação. Ou pode-se levar em conta suas hiperbólicas verdades perfeitas... Mas e o gato nos olhos dele? Seria o contrário de uma personificação? E, se digo dele esses mesmos olhos ou o nariz de estátua grega, construo uma metonímia bem calculada. Levando-se em conta também sua eufêmica maneira com que fala das coisas todas, a antítese de claro/escuro que é todo ele e o paradoxo de seu interior com seu exterior, tão opostos que se unem e se completam num só.

E se me canso e digo que ele é todas as figuras de linguagem juntas e pronto, amalgamadas, é porque já o conheço bastante para dizer. Ou não conheço nada ainda.




Devorou-me.

Um comentário:

  1. fantástico texto.

    me fez pensar: Que figura de linguagem eu sou?

    continue nesse ofício da palavra, ele é todo seu.

    bjus gatenha!

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