quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

gota de chuva em vidro de janela

Chuva fria pra amenizar dia morno. Parece que ao falar de meu amor por ele todo o amor se esvai das palavras, escorrem como a tal chuva em vidro de janela. Fecho os olhos sempre nessas horas, imagino que quando abri-los tudo vai ter melhorado, refeito-se  em apenas um fechar de olhos, lúgubres e inocentes.

Falta a esses meus olhos lágrimas. Não vêm as lágrimas, também não vem o milagre. Escondo-me em baixo do chuveiro pra fazer chover, metaforizando lágrimas e gotas em vidros de janela. Mas não há metáfora pra milagre, nem sabonete de sal grosso pode lavar, nem a ansiedade dos olhos fechados pode mudar. Só me resta o suspiro profundo do algo perdido, o suspiro do gota a gota, respiração pesada e descompassada

E não brotam as palavras.









Leiam Olhos nus: olhos, de Mia Couto.

4 comentários:

  1. Elas brotaram e estão ai, escorrendo soobre nós feito luvas de pelica.

    Lindo, singelo, delicado como tu.

    Beijos

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  2. amiga o sal grosso só espanta o que ainda vem, mas o que está em nós é bom que se quede assim sem palavras, mas simples como o deslizar da gota sobre o vidro estático, sem resposta e ausente dele mesmo, mas presente na imagem dos deslizes por onde rolam nossas emoções....

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  3. Nada como chegar em casa sabendo onde achar algo bacana pra ler. ^^

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  4. E as palavras brotam deixando acontecer o milagre... Porque literatura é milagre.

    Te ler me faz ter vontade de sentir mais, de ser mais.

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