sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"Hoje eu escolhi passar o dia cantando"


Com duas doses de Drummond:

“o último dia do ano
Não é o último dia do tempo
O último dia do tempo
Não é o último dia de tudo
Recebe com simplicidade esse presente do acaso
Mereceste viver mais um ano”

“Para ganhar um ano novo
Que mereça esse nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo
Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil
Mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
Cochila e espera desde sempre”


Imersa em tanto mar:

MMXI
líria porto

número romano - abro excessão
escrevo as maiúsculas 
saúdo o vind_ouro
e o ano
          que acaba
:
um brinde à beleza ao amor
ao riso à amizade
                             à poesia         

(ao tantim de sacanagem
que ninguém é de ferro)

                            
*

Adentrando a porta das novidades sempre:

Vai, ano velho
Affonso Romano de Sant'Anna

Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.

Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.

Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.

Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.

Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.
[http://leaoramos.blogspot.com/]

4 comentários:

  1. Que bom que temos a possibilidade de escolher, não é mesmo? Que nada seja mais importante do que a felicidade e que a paz se faça presente, pelas escolhas e nas escolhas que fazemos para as nossas vidas, amiga. Adorei os poemas selecionados, muito pertinentes. Cheiros :)

    ResponderExcluir
  2. bunita, marcela, marcenga,
    hoje - também e mais,
    euvctudusnós: ellenizamos :)

    um beijo.

    ResponderExcluir
  3. mama mia - eu entre os grandes! gracias, marcela - besos

    ResponderExcluir
  4. que nossas escolhas também sejam pertinentes, Aline! ;D

    obrigada Nina e Líria pela visita, vcs tem sido mais do que fonte de inspiração pra mim, são mares de inspiração e transpiração em que tenho imergido!

    beijos beijos beijos

    ResponderExcluir