
Não se vai a praia em dias de chuva, diz o senso comum.
Eu vou; encontrar o estranho que me quer...
Dias de chuva são os melhores para se ir a praia. Dias de mar bravo, vento insolente, areia sorrateira.
Praia com chuva é Iemanjá pedindo que nos lavemos antes de entrar no mar, por favor. Purificação primária. É como tomar um banho duplo, de cima a baixo.
Mas falta o sol, dizem.
Não falta nada.
Tem-se o mar e a chuva, eu e o estranho. Sem a presença do sol, inimigo dos amantes, tudo fica melhor. Sente-se como único calor o outro corpo, o nosso corpo, calor que arde sem se ver e que vai contra a meteorologia, impõe-se às águas da chuva e às águas do mar.
Deixa a cinza do verão ir embora.
Deixa a cinza do teu corpo partir.
As bocas continuam salgadas de maresia.
A chuva não tira o gosto quente de sal da tua boca.
Apaga os rabiscos na areia para tatuar realidades em ti.
Poema inédito da Martha Medeiros:
meu caro estranho, nossa estranheza nos levou à cama
e seguimos nos desconhecendo
não perguntei de onde vieram tuas cicatrizes
e não me perguntaste se eu já havia usado o cabelo mais curto
simplesmente nos beijamos e dispensamos todos os porquês
fui uma mulher qualquer e fostes mais um homem
e se esse descompromisso não merece ser chamado de amor
ainda assim não carece ser desfeito e esquecido
meu caro estranho,
mesmo nos amores não há nada muito além disso
Ma, vc tá escrevendo cada dia melhor.
ResponderExcluirAmei amiga, muito.
beijocas!
conviver com vc me faz muuutíssimo bem!!! ^^
ResponderExcluirobrigada, amiga!!!
Depois de um mergulho no mar, só posso dizer: que onda...
ResponderExcluirDepois dessa piada ridícula, o comentário: Mais uma bonita obra. Leva mesmo jeito com a criação literária.
Eu quero um dia de mar e chuva. Não há como não querer depois de ler seu texto ^.^
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirobrigada Mario!!!^^
ResponderExcluirAna Paula, com certeza vc merece um dia lindo de mar e chuva ^^