terça-feira, 27 de julho de 2010

Abismo

Chega-se numa fase crítica, em que não mais se pode voltar atrás. Como num abismo em que a única escolha é se deixar cair, pois a estrada em que se poderia seguir já não existe mais. É preciso partir. Sem que se saiba para onde nem por que. Mas o corpo não responde, paralisado de medo. Um grito ecoa dentro de si: Vai! A obediência é negada, tentando sobreviver. Mas não se sobrevive sem dor. Que faz parte da luta. Uma das obrigações da vida é se obrigar. Apagar o lustre da intuição e seguir na contramão. Não se vive sem errar. Quebrando cara e coração. Dor é fundamental para estar vivo, dói, mas passa. Depois sentimos outra dor, sempre mais forte que a anterior, pois o que dói é a dor presente, a dor passada agora é dor ausente. O que resta é se jogar, mergulhar no abismo sem fundo, obrigar-se à.

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