domingo, 5 de setembro de 2010

Duas mulheres refletidas num espelho embaçado, se olham por curiosidade, unem-se por diferenças que as fazem parecidas: uma reflete fora o que tem dentro da outra, que é por dentro o que uma é por fora. E se o olhar de uma mulher pode fazer pouco até de Deus, não pode enganar uma outra mulher, por isso elas se conhecem por reflexos.

Uma mulher forte e uma menina frágil não se equiparam em nada, são a mesma coisa só que inversa, convexa. Uma mulher forte pode ser quebrável; uma menina frágil pode ser durável. Depende do ponto de vista e da velocidade da flecha, se acerta.

“Quando te conheci pensei que fosse mais forte, não vi tuas feridas abertas. Não enxerguei que teu jeito seco era uma forma de esconder teu medo e tua dor. Mas quem anda com a ferida aberta, à mostra, é mais forte do quê quem a esconde, pois quem esconde nunca para de sentir, apenas torna-a invisível aos outros.”

“Quando te vi chorar pensei que era fraca flor despetalada em bem-me-queres, ou que abrisse a barragem que há muito se fechara, mas não que fosse triste ou dolorosa sua vida, só não agüentava o momento, só precisava de alento, vi que não tinha tanta coisa vivida, tão pequena e tão ingênua, trocando pé em mãos, indo pelo caminho errado do coração.”

“Eu não posso te ajudar.”

“Eu não posso te curar.”

Restou-lhes apenas (e de mais) o olhar.


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