quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Agosto


Continuo na bagunça. Mas há dias não ouço lamento, nem batuque de sincopado coração. Há dias não leio Drummond e abandonei os desiludidos do amor. E “seu gosto é bem do jeito que eu gosto” já não me diz tanto mais além de poética rima com agosto.

Mas há dias tenho me mirado como Narciso e enxergado também o que ele viu, não o que o matou. Refletido em águas de rio ou espelho: encontro. Encontro é o que se persegue ouvindo lamento, lendo Drummond, organizando a bagunça. Mas encontro é o que se encontra quando não há procura. Quando se pressiona o botão stop e se enterra os desiludidos que seguirão iludidos.

Encontro foi o que procurei no agosto passado e esbarrei nesse agora, feito promessa de deuses cumprida à longo prazo, felicidade de primavera antecipada, ou de verão atrasada. Encontro do quê com o quê? Não sei dizer. Mas também não importa, pois há momentos que nomear não nomeia suficiente e ficam-se só as palavras ecoando desencontradas, tortas. E o que importa é o encontro sem hora marcada.



[misturei Céu com Drummond, pois ouçam Mais um lamento e leiam Necrológio dos desiludidos do amor]

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