terça-feira, 2 de novembro de 2010



Esta noite sonhei com mar, calmo e coroado de areia fininha. Sinônimo de prosperidade, do porvir feliz. Mas no meu sonho eu não estava feliz, andava de um lado a outro, buscando alguma certificação, algum assombro, alguma certeza.
Nunca acreditei em sonhos, não lembrá-los com freqüência poderia ser um dos motivos. Meu esquecimento é instantâneo, basta abrir os olhos pro mundo real e tudo se esvai; meus sonhos se desfazem como nuvem rala.
No mesmo sonho estava você, feliz no sonho como não é na vida real. Mas não ao meu lado. Vi você de longe, enquanto buscava alguma coisa pra sentir; vi você feliz ao lado do seu amor, como nunca foi ao meu.
Eu permaneci no mar próspero, catando na areia pedrinhas brancas de sucesso. O sal do mar misturado ao sal de lágrimas. Querendo estar no silêncio da sua casa, no aconchego do seu abraço.
Será que mar e amar não podem se encontrar?











Tema e variações, Manuel Bandeira
Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.

Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.

Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
Que é tempo passado.

Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.

5 comentários:

  1. Olá que poesias lindas, o sonho é a grande porta de entrada p o mundo dos anjos, abraços

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  2. Eu sempre busco acreditar em todas as possibilidades. Um lindo sonho, mesmo triste, convertido em uma crônica na qual sentimos a sensibilidade em casa palavra... Alguns sonham acordados, dizem que a constatação é menos dolorosa, não sei, sou suspeita pra falar, sabes bem. [risos]
    Já que estás tão bem acompanhada pelo Bandeira, vou terminar meu comentário com ele também, quando fala dos mistérios da representação, literária, entendo a seguinte mensagem: arte é transmitir, em cada nova construção, "a paixão dos suicidas que se matam sem explicação."

    Beijos!

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  3. Interessante retratar os sonhos... Os nossos desejos e medos, medos nossos que insistem em se pegar nisso, alguém ser feliz com quem a gente acha que não devia.

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  4. Oi, Marcenga! Seria mesmo um magnífico encontro. Sonhos são possíveis sim. Se não cresse nisso não me dedicaria conforme me dedico.
    Se Manuel Bandeira assumiu o sonho do sonho, por que não eu e você. Sonhemos hoje. Abraço!

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)

    http://jefhcardoso.blogspot.com

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