quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

downtown

Moro num lugar afastado da cidade. Quando vou ao centro me lembro de você, menino.

As coisas que acabam sem que desejamos permanecem em nós por tanto tempo...
Em mim permanece latente uma paixão autêntica, aquela das pernas bambas, do frio na barriga, da voz presa na garganta, daquele desejo irrefreável e que vai ser para sempre, por toda vida, o melhor beijo.

Depois passei por amores calmos, delicados, ternos...
Tempos de pura felicidade, quando se é plenamente amada e quase ama-se... aí a gente finge que ama, repete, repete, repete para ver se acredita e vira verdade, mas não. O outro, inconsciente, percebe o quase-amor e deixa-o para ir em busca do amor. Amor frustrado, na verdade quase-amor, dói menos que paixão frustrada. Sempre haverá mais um quase-amor pela frente...

A paixão frustrada permanece latente, encubada por dias, semanas, meses, anos e anos, esperando enfim o momento de se escancarar, de dar o bote. Mesmo sabendo que não dá, que um não serve para o outro ou [pior] que um não quer o outro, ela permanece incrustada. E, por pura maldade, permanece incrustada nos dois; a gente sente, a gente vê, quando por um descuido ela foge de um olhar para o outro, fixando o que deveria ser apagado e esquecido.

Por causa dela o quase-amor nunca será amor. Paixão fantasma exibicionista póstumo volta para puxar o pé, volta para perturbar.

Sempre acho que confundo os sentimentos. A culpa é dessa louca e imensa distorção entre minha intenção e minha emoção.

Ou tenho ido de mais ao centro da cidade...

2 comentários:

  1. O texto pode não refletir o seu momento, mas acredite, refletiu o meu. Será que tenho ido demais ao centro da cidade? Não. Acho que a emoção anda disfarçando a real intenção do meu pensamento.

    Bjus Flor

    Adoro o que você escreve

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