quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meu namorado imaginário

real

Não quero um namorado imaginário porque me lembra sonho, utopia. Um ser tão além, de pluma e sem base. Meu homem dos sonhos é diferente do meu homem da realidade, vasto é o campo que os separa.
O que me encanta é realidade sensorial, palpável por olhos e narizes sensitivos, tátil por mãos bêbadas, inteligível por ouvidos sem razão. O que eu quero mesmo é o real. O homem real que misture o feijão com o arroz no prato, homem que entorte o garfo. O homem real que sente cócegas e acorde no meio da noite, assustado com minha presença incomum em sua cama, homem com trauma de infância. Que me desperte a vontade de ser como ele, de morar dentro dele, de enxergar o mundo dele.
Um homem que não me prometa nada, pois prometer é eternizar-se, tornar-se Deus. Que me dê seu corpo como quem oferece água a quem tem sede. Que me tire todos os porquês. Que me leve à praia num dia de chuva. Que more do outro lado da cidade e construa uma ponte sólida da minha casa a sua. Que tenha o cheiro tranqüilizador do amaciante. Que diga que meu gosto é diferente de tudo que ele já provou. De tudo e de todas.
Homem real que me faça sonhar, gastar meu sono em sonhos. Homem humano que me faça também humana. Humana e mulher. Uma chama que me acenda. Um homem que me mostre tudo que eu não sei. Que de sua voz nasçam imagens. Que meu corpo inteiro palpite ao ouví-la.
Não quero que seja pedra e se emplume. Quero que seja pluma e se empedre. Que por dentro seja macio, leve como um menino que sonha. Mas que seja minha fortaleza, meu porto seguro nas horas de fraqueza.
Que mude meus olhos de cor e transforme-os em pedras de âmbar para guardar dentro deles sua imagem fossilizada.
Um homem apenas. E humano. Que me faça acreditar que todos os outros são imaginários.

3 comentários:

  1. é! um homem assim ñ é raro rss abraços

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  2. Nossa amiga essa foi profunda.......... me senti você... foi bom! Sentir que alguém sente o mesmo que imagino sentir...
    obg por escrito tais palavras....

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